Nesse momento em que todo mundo se fecha para balanço, o futebol brasileiro conta as horas para o final da temporada fazendo reverência ao majestoso toque de bola do Barcelona, que levou o time catalão ao merecido título de campeão mundial. Não sem razão, nove entre dez torcedores e críticos redescobriram o lado mágico do futebol pelos pés de Messi e Cia. Resta saber se os times brasileiros vão aprender a licão de que é possível sim ganhar jogando bonito -- uma combinação que sempre pareceu impossível diante do final trágico experimentados pela Hungria de Puskas, a Holanda de Cruyff e o Brasil de Telê Santana.
O gozado é que todo mundo que já chutou uma bola na vida, seja por mero diletantismo, sabe que o segredo de um bom time é o toque de bola apurado. Até na várzea é comum ouvir o técnico, travestido de professor, gritando pra seus comandados dentro de campo: "vamos tocar a bola!!!" Parece fácil. E vendo o Barcelona jogar, parece óbvio. Mas não é bem assim. Primeiro porque, para tocar a bola a seu bel prazer, o time precisa estar mais tempo com a bola no pé. E isso só é possível com a retomada constante da bola, impedindo que o adversário jogue. O que mais impressiona nessa dinâmica de jogo do Barça campeão do mundo é a presteza com que retoma a posse de bola, sufocando o adversário.
Ter a bola no pé, no entanto, não basta. É preciso ter talento para saber o que fazer com ela. E, como bem observou o nosso galinho Zico, é preciso também muito treino. O estilo de jogo do Barcelona não é uma invenção do técnico Guardiola. É uma escola que vem de longa data e que se impõe aos meninos formados nas categorias de base do clube. Toda a movimentação dos jogadores parece estudada, obedece a uma lógica, reflete um aprendizado. Nada no jogo do Barcelona acontece por acaso.
A aula de futebol mostrada pela TV impregnou os anseios dos brasileiros. Todo mundo agora, no momento de balanço de 2011 e de projeções para 2012, deve estar sonhando em ver seu time jogando à imagem e semelhança do Barça na próxima temporada. Não interessa se no elenco não há Busquets, Xavi, Iniesta, Messi... Sonhar não custa nada e faz parte desse momento, no qual a vida é comandada pela simbologia do recomeço de uma nova etapa. É hora de deixar para trás tudo que ficou de ruim e mentalizar só as coisas boas, os melhores planos, os mais efusivos votos de feliz ano novo.
É nesse embalo que o Blog do NN também vai esperar a virada de ano, agradecendo a todos os que nos visitaram em 2011 e esperando novos visitantes em 2012. Que para todos nós o mundo seja melhor. E que possamos trocar nossas atuais limitações pela ilimitada capacidade de criar demonstrada pelo Barcelona. Que todos nós possamos controlar o ritmo das nossas vidas como os craques do Barcelona controlam os caprichos da bola. Com inteligência _ e sem surpresas.
Que os deuses do futebol, enfim, estejam com todos nós. Bola pra frente e feliz 2012.
NN
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
De Neymar 11 a Joãozinho 10+10+10
O blog está num momento de aflição pelo estado de saúde de mestre Joãosinho 30 e de apreensão pelo duelo do século no futebol entre Neymar e Messi.
Estou na maior torcida pela recuperação do maior carnavalesco da história do Brasil, com quem eu tive o orgulho de conviver algumas horas aqui em São Paulo, há dois anos. Ele está internado na UTI em um hospital do Maranhão, correndo risco de vida. Que os deuses do samba tirem Joãosinho dessa.
E que os deuses da bola nos brindem com um jogo histórico na manhã deste domingo.
O que uma coisa tem a ver com outra? Simples: Neymar 11, Messi 10 e Joãosinho 10+10+10 são dessas figuras que fazem o mundo melhor e dão sentido à vida. Que Deus os proteja. Eternamente.
Um bom final de semana para todos nós.
Estou na maior torcida pela recuperação do maior carnavalesco da história do Brasil, com quem eu tive o orgulho de conviver algumas horas aqui em São Paulo, há dois anos. Ele está internado na UTI em um hospital do Maranhão, correndo risco de vida. Que os deuses do samba tirem Joãosinho dessa.
E que os deuses da bola nos brindem com um jogo histórico na manhã deste domingo.
O que uma coisa tem a ver com outra? Simples: Neymar 11, Messi 10 e Joãosinho 10+10+10 são dessas figuras que fazem o mundo melhor e dão sentido à vida. Que Deus os proteja. Eternamente.
Um bom final de semana para todos nós.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Só Neymar pode parar o Barcelona...
Depois de jogada a fase preliminar do Mundial de Clubes, no Japão, não resta a menor dúvida de que a final do torneio deve nos reservar mesmo o privilégio de ter o maior confronto do ano. De um lado do Santos, que não deverá ter dificuldade para derrotar o Kashiwa de Nelsinho Batista; de outro, o Barcelona, que seguramente irá atropelar quem quer que seja na partida prévia da decisão. Contando que um raio Mazembe não cai duas vezes no mesmo lugar, é hora pois de contar os dias para o grande clássico do futebol mundial da atualidade, o grande embate entre Neymar e Messi. Ou melhor, entre Neymar e Messi & Cia., uma vez que o Barcelona é um conjunto de craques que está acima do talento individual de quem quer que seja o seu maior expoente.
Dá gosto ver o Barcelona jogar. É pura excelência. É como ver Mike Tyson no ringue, ouvir o ronco de uma Ferrari, assistir a um desfile de Gisele Bundchen. Impossível ver defeito e não se deixar inebriar pela qualidade do espetáculo. Só mesmo o Santos, dado a esse momento iluminado de Neymar, pode-se se dar ao direito de cometer a desfaçatez de achar que pode derrotar o Barcelona. O Real Madrid, mesmo com o peso de suas estrelas, a força de sua torcida e a auto-suficiência de Mourinho não foi capaz, na noite de sábado. Pelo contrário. Iludiu-se com a glória de um gol a 23 segundos de partida e, ao final, acabou escapando de um sapeca-iaiá histórico. A vitória por 3 a 1 do Barça, em pleno Bernabeu, foi insuficiente para refletir a superioridade do Barcelona.
Uma superioridade que se deve ao inacreditável senso tático da equipe comandada por Pepe Guardiola. O Barça é uma academia de futebol e seus jogos são uma aula para quem gosta desse esporte. O espírito coletivo do jogo está acima de qualquer vaidade e as variações táticas mostram o quanto o time catalão está acima dos demais. O Barça é hoje o que melhor exprime a melhor definição de futebol que eu conheço, um pérola de autoria do técnico Cilinho. “O futebol é a engenharia do espaço”, dizia mestre Cilinho lá pelo final dos anos 80... O tempo passou e poucos foram os times que souberam levar essa máxima para o campo.
Há quem compare o Barcelona de hoje ao carrossel holandês criado por Rinus Mitchels nas Copas de 74-78. Parece, mas há algo substancialmente diferente entre essas duas escolas de futebol. No futebol-total da Holanda quase não havia espaço para a magia, para o lado lúdico do futebol. O que, com o Barça está sempre presente. Raras vezes a beleza andou de mãos dadas com a eficiência e as duas derrotas da Holanda nas Copas é meio que um castigo ao revolucionário jeito de jogar de Cruyff e companhia. O Barcelona, ao contrário, só vence, vence, vence... E joga igual contra o Nogueirópolis FC, o time do meu amigo Wanderley Nogueira, e o Real Madrid. Seja aonde for, a hora que for, com o tempo que for.
O último desafio a esse time fantástico, quase imbatível, é o Santos de Neymar. Por isso todos nós, amantes do futebol, devemos olhar para o relógio como quem conta as horas para o grande duelo. Não importa o resultado, nós somos privilegiados por poder assistir a esse mágico momento da história do futebol.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Palmas para o mestre Valdir de Moraes
Quem já frequentou um treino, entrou num vestiário, viajou com algum time e viu um jogo de futebol com o olhar que não seja o do torcedor sabe que o futebol é um mundo que reúne todo tipo de gente. De malandros a homens de família, de craques a enganadores, de mentirosos a estelionatários, de amadores a apaixonados... Enfim, o futebol não é diferente da vida, e move-se levado pela diversidade que permeia todos os segmentos da sociedade. Assim é que, se você está dentro da engrenagem, é preciso saber separar o joio do trigo e escolher bem com quem anda. Afinal, são poucos os sujeitos confiáveis com quem se pode trocar uma confidência desprovida de algum interesse escuso.
Fiz todo esse prólogo (que eu, como editor, condenaria em qualquer texto...sorry) para registrar aqui uma singela homenagem a Valdir Joaquim de Moraes, que hoje completa 80 anos. O mestre de todos os goleiros brasileiros é dessas pessoas que viram referência na nossa vida e acabam se distinguindo na paisagem. Entre tantos personagens que a gente olha com desconfiança, seo Valdir é a certeza de que o futebol também agrega gente do bem, que não coloca seus interesses pessoais acima de todas as coisas.
O ex-goleiro Valdir de Moraes tem sua história ligada ao Palmeiras, clube que defendeu lá pelos anos 50/60. Eu praticamente não o vi jogar. Já vim conhecê-lo como treinador de goleiros do próprio Palmeiras -- função, aliás, que ele inventou no futebol mundial. E vi como sua competência na transmissão dos ensinamentos e segredos da posição foram fundamentais para o surgimento e consolidação da carreira de alguns dos maiores arqueiros do país. Se fosse só para citar quatro, lembraria de Ronaldo, Zetti, Marcos e Rogério Ceni. Precisa de mais?
Na incansável preparação dos goleiros, seo Valdir desenvolveu a qualidade e eficiência do chute. Dizem todos os especialistas na arte de jogar futebol que ele é um dos caras que melhor batem na bola no Brasil, na mesma medida de Marcelinho Carioca, por exemplo. Também, pudera! Vi inúmeros treinos em que seo Valdir chutou mais de 500 bolas para seus goleiros. E a repetição por certo o levou à perfeição.
Mas era fora de campo que, para mim, o mestre dos goleiros revelava suas melhores qualidades e competências. Eu sempre admirei a forma como ele controla o tom de voz, seja dando treino, seja dando entrevista, seja conversando numa roda de amigos. Nunca o ouvi subir o tom. Sua voz sempre me pareceu sinônimo de segurança. Talvez por isso tenha sido o protetor e conselheiro de vários técnicos famosos com quem teve a honra de trabalhar. Wanderley Luxemburgo, por exemplo, chama-o de pai.
Minha relacão com ele não chegava a esse ponto. Mas devo a ele uma das maiores reflexões que já fiz na vida. Um dia eu tinha revelado a ele que, quando garoto, cheguei a sonhar em ser goleiro. Tinha até foto vestido todo de preto, como os goleiros dos anos 60. Tempos depois, ele me encontrou em Atibaia, num jogo da imprensa contra a comisão técnica do Corinthians, na época liderada por Luxemburgo. Eu joguei no meio-campo e praticamente não peguei na bola. Nosso time levou uma goleada...
No final da partida, entre um copo de cerveja e outro no churrasco de confraternização, seo Valdir chegou perto de mim, me puxou pelo braço e disparou, com aquele ar de paixão: "É meu filho, era melhor você ter seguido a vocação de goleiro, porque de volante não dá..."
Obrigado pelo conselho, seo Valdir. Parabéns por mais este aniversário. O futebol e a vida precisam de gente como você!
NN
Fiz todo esse prólogo (que eu, como editor, condenaria em qualquer texto...sorry) para registrar aqui uma singela homenagem a Valdir Joaquim de Moraes, que hoje completa 80 anos. O mestre de todos os goleiros brasileiros é dessas pessoas que viram referência na nossa vida e acabam se distinguindo na paisagem. Entre tantos personagens que a gente olha com desconfiança, seo Valdir é a certeza de que o futebol também agrega gente do bem, que não coloca seus interesses pessoais acima de todas as coisas.
O ex-goleiro Valdir de Moraes tem sua história ligada ao Palmeiras, clube que defendeu lá pelos anos 50/60. Eu praticamente não o vi jogar. Já vim conhecê-lo como treinador de goleiros do próprio Palmeiras -- função, aliás, que ele inventou no futebol mundial. E vi como sua competência na transmissão dos ensinamentos e segredos da posição foram fundamentais para o surgimento e consolidação da carreira de alguns dos maiores arqueiros do país. Se fosse só para citar quatro, lembraria de Ronaldo, Zetti, Marcos e Rogério Ceni. Precisa de mais?
Na incansável preparação dos goleiros, seo Valdir desenvolveu a qualidade e eficiência do chute. Dizem todos os especialistas na arte de jogar futebol que ele é um dos caras que melhor batem na bola no Brasil, na mesma medida de Marcelinho Carioca, por exemplo. Também, pudera! Vi inúmeros treinos em que seo Valdir chutou mais de 500 bolas para seus goleiros. E a repetição por certo o levou à perfeição.
Mas era fora de campo que, para mim, o mestre dos goleiros revelava suas melhores qualidades e competências. Eu sempre admirei a forma como ele controla o tom de voz, seja dando treino, seja dando entrevista, seja conversando numa roda de amigos. Nunca o ouvi subir o tom. Sua voz sempre me pareceu sinônimo de segurança. Talvez por isso tenha sido o protetor e conselheiro de vários técnicos famosos com quem teve a honra de trabalhar. Wanderley Luxemburgo, por exemplo, chama-o de pai.
Minha relacão com ele não chegava a esse ponto. Mas devo a ele uma das maiores reflexões que já fiz na vida. Um dia eu tinha revelado a ele que, quando garoto, cheguei a sonhar em ser goleiro. Tinha até foto vestido todo de preto, como os goleiros dos anos 60. Tempos depois, ele me encontrou em Atibaia, num jogo da imprensa contra a comisão técnica do Corinthians, na época liderada por Luxemburgo. Eu joguei no meio-campo e praticamente não peguei na bola. Nosso time levou uma goleada...
No final da partida, entre um copo de cerveja e outro no churrasco de confraternização, seo Valdir chegou perto de mim, me puxou pelo braço e disparou, com aquele ar de paixão: "É meu filho, era melhor você ter seguido a vocação de goleiro, porque de volante não dá..."
Obrigado pelo conselho, seo Valdir. Parabéns por mais este aniversário. O futebol e a vida precisam de gente como você!
NN
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Planejamento? O que é isso?
Em 32 anos de jornalismo, a maioria deles correndo atrás da bola no Brasil e no mundo, creio que a palavra que mais vezes ouvi repetida a esmo foi planejamento. Parece que dá status falar em planejamento no futebol, na medida em que qualquer projeto bem realizado passa a ser um diferencial. Mesmo que o sucesso seja por acaso. Até porque, a bem da verdade, o que eu vi ao longo dessas três décadas foram muitos mais casos de falta de planejamento. Mesmo com muitos avanços, ainda se trata profissionalmente do futebol de forma amadora, com processos de gestão que não obedecem a nenhum critério científico. É um verdadeiro bumba meu boi!!!
Três episódios dessa semana demonstram bem o que estou falando e confirmam a sensação de que a linha que separa o sucesso do fracasso é quase invisível no futebol brasileiro. Vamos aos fatos:
Falta de planejamento 1: A estúpida demissão de Caio Júnior
É inacreditável que ainda se aceite esse tipo de coisa como algo no mínimo razoável. A três rodadas do final do campeonato, o dirigente demite o treinador imaginando, sabe-se lá como, que algum ser superior vá assumir o cargo e fazer uma mágica nos últimos jogos. Se não deu com Caio Júnior, o genérico, que venha logo um verdadeiro Harry Potter!
É bem verdade que muitas empresas também agem assim, ao sabor das vendas e dos borderôs, mudando executivos, contratando consultorias milagrosas e impondo novos objetivos sem que os velhos tivessem sua ineficiência comprovada. É o tal do imediatismo empresarial _ que, no futebol chega às raias da burrice absoluta. Dispensar o técnico é a tábua de salvação de todas as gestões incompetentes.
Será que no Botafogo ninguém se deu conta que Caio Júnior fez mais do que era possível com um time limitado? Será que o presidente acredita mesmo que, com essa mudança desesperada, ficará mais fácil chegar à vaga na Libertadores? Será que alguém não se atentou para o fato de que, a três rodadas do final, não há nenhum treinador competente disponível no mercado para suceder o demitido? Isso é falta de visão. O ano vai acabar daqui três semanas,e os dirigentes atropelam o calendário dessa forma, impunemente.
No máximo, essa grande besteira só vai servir para confirmar a velha tese de que tem coisas que só acontecem com o Botafogo....
Falta de planejamento 2: o estranho caso de Dagoberto
Gostaria muito de poder entender o que se passa com Dagoberto no São Paulo. Já ouvi falar de tudo sobre ele, mas, sem prova, nunca comprei as versões de que ele é igrejeiro, chinelinho e laranja podre. O que é gozado é que, mesmo com toda essa fama de bad boy, Dagoberto é um dos mais antigos desse elenco do São Paulo e, sempre que jogou, esteve pelo menos na média dos outros atletas. Neste momento, aliás, era o melhor do time.
De repente, o técnico Leão deixa-o no banco, em Curitiba, para atacar o Atlético-PR com a temível dupla Henrique-Fernandinho. Pior, na subsituição que fez para tentar evitar a derrota, Leão mandou Marlos a campo, dando a entender que Dagoberto era a quarta opção.
O pior de tudo isso é a suspeita de que Dagoberto não jogou por ordem do presidente Juvenal Juvêncio. Que ele é mesmo dado a meter o bedelho no time todo mundo sabe, o que é dificíl acreditar é que Leão tenha se prestado a esse papel de vaquinha de presépio. De uma forma ou de outra, eis mais um belíssimo exemplo de falta de planejamento. O melhor atacante do grupo, utilizado o ano todo, vai para a reserva justamente no momento em que o time precisava vencer para sonhar com a Libertadores. E perdeu. Bem feito!
Falta de planejamento 3: a inacreditável ressurreição de Ramirez
Nem o mais fanático corintiano poderia imaginar que a vitória sobre o Ceará saísse dos pés de Cachito Ramirez. Até porque pouquíssimos corintianos ainda se lembravam dele. Para muita gente, ainda sofrida com aquele vexame mundial da derrota para o Tolima, Ramirez já estava longe do Parque São Jorge... Mas que nada!
Nesse futebol onde o planejamento só aparece no discurso, eis que, como por encanto, o técnico resolve ressuscitá-lo. E eu duvido que alguma vez Tite testou Ramirez no lugar de Danilo. Nem em treino secreto! Nem no jogo de botão! Nem no Play Station!!
Aqui entre nós, o peruano nunca foi opção do treinador para nada, tanto que Tite cansou se insistir com Morais (meu Deus, como ele pode jogar no Corinthians????), Edenílson, Jorge Henrique e até Moradei e Taubaté. Mas, do nada, Tite mandou Ramirez a campo e ambos saíram dele como heróis.
Ouvi muita gente dizendo que aquela foi uma vitória com o dedo de Tite. Como se o treinador tivesse planejado o final feliz da mais das improváveis substituições do campeonato brasileiro deste ano. Ah, tá bom. Agora vai dizer que ele também acredita em Papai Noel, Saci-Pererê e na Loira do Espelho...
NN
Três episódios dessa semana demonstram bem o que estou falando e confirmam a sensação de que a linha que separa o sucesso do fracasso é quase invisível no futebol brasileiro. Vamos aos fatos:
Falta de planejamento 1: A estúpida demissão de Caio Júnior
É inacreditável que ainda se aceite esse tipo de coisa como algo no mínimo razoável. A três rodadas do final do campeonato, o dirigente demite o treinador imaginando, sabe-se lá como, que algum ser superior vá assumir o cargo e fazer uma mágica nos últimos jogos. Se não deu com Caio Júnior, o genérico, que venha logo um verdadeiro Harry Potter!
É bem verdade que muitas empresas também agem assim, ao sabor das vendas e dos borderôs, mudando executivos, contratando consultorias milagrosas e impondo novos objetivos sem que os velhos tivessem sua ineficiência comprovada. É o tal do imediatismo empresarial _ que, no futebol chega às raias da burrice absoluta. Dispensar o técnico é a tábua de salvação de todas as gestões incompetentes.
Será que no Botafogo ninguém se deu conta que Caio Júnior fez mais do que era possível com um time limitado? Será que o presidente acredita mesmo que, com essa mudança desesperada, ficará mais fácil chegar à vaga na Libertadores? Será que alguém não se atentou para o fato de que, a três rodadas do final, não há nenhum treinador competente disponível no mercado para suceder o demitido? Isso é falta de visão. O ano vai acabar daqui três semanas,e os dirigentes atropelam o calendário dessa forma, impunemente.
No máximo, essa grande besteira só vai servir para confirmar a velha tese de que tem coisas que só acontecem com o Botafogo....
Falta de planejamento 2: o estranho caso de Dagoberto
Gostaria muito de poder entender o que se passa com Dagoberto no São Paulo. Já ouvi falar de tudo sobre ele, mas, sem prova, nunca comprei as versões de que ele é igrejeiro, chinelinho e laranja podre. O que é gozado é que, mesmo com toda essa fama de bad boy, Dagoberto é um dos mais antigos desse elenco do São Paulo e, sempre que jogou, esteve pelo menos na média dos outros atletas. Neste momento, aliás, era o melhor do time.
De repente, o técnico Leão deixa-o no banco, em Curitiba, para atacar o Atlético-PR com a temível dupla Henrique-Fernandinho. Pior, na subsituição que fez para tentar evitar a derrota, Leão mandou Marlos a campo, dando a entender que Dagoberto era a quarta opção.
O pior de tudo isso é a suspeita de que Dagoberto não jogou por ordem do presidente Juvenal Juvêncio. Que ele é mesmo dado a meter o bedelho no time todo mundo sabe, o que é dificíl acreditar é que Leão tenha se prestado a esse papel de vaquinha de presépio. De uma forma ou de outra, eis mais um belíssimo exemplo de falta de planejamento. O melhor atacante do grupo, utilizado o ano todo, vai para a reserva justamente no momento em que o time precisava vencer para sonhar com a Libertadores. E perdeu. Bem feito!
Falta de planejamento 3: a inacreditável ressurreição de Ramirez
Nem o mais fanático corintiano poderia imaginar que a vitória sobre o Ceará saísse dos pés de Cachito Ramirez. Até porque pouquíssimos corintianos ainda se lembravam dele. Para muita gente, ainda sofrida com aquele vexame mundial da derrota para o Tolima, Ramirez já estava longe do Parque São Jorge... Mas que nada!
Nesse futebol onde o planejamento só aparece no discurso, eis que, como por encanto, o técnico resolve ressuscitá-lo. E eu duvido que alguma vez Tite testou Ramirez no lugar de Danilo. Nem em treino secreto! Nem no jogo de botão! Nem no Play Station!!
Aqui entre nós, o peruano nunca foi opção do treinador para nada, tanto que Tite cansou se insistir com Morais (meu Deus, como ele pode jogar no Corinthians????), Edenílson, Jorge Henrique e até Moradei e Taubaté. Mas, do nada, Tite mandou Ramirez a campo e ambos saíram dele como heróis.
Ouvi muita gente dizendo que aquela foi uma vitória com o dedo de Tite. Como se o treinador tivesse planejado o final feliz da mais das improváveis substituições do campeonato brasileiro deste ano. Ah, tá bom. Agora vai dizer que ele também acredita em Papai Noel, Saci-Pererê e na Loira do Espelho...
NN
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