terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Que os deuses do futebol estejam conosco em 2012

Nesse momento em que todo mundo se fecha para balanço, o futebol brasileiro conta as horas para o final da temporada fazendo reverência ao majestoso toque de bola do Barcelona, que levou o time catalão ao merecido título de campeão mundial. Não sem razão, nove entre dez torcedores e críticos redescobriram o lado mágico do futebol pelos pés de Messi e Cia. Resta saber se os times brasileiros vão aprender a licão de que é possível sim ganhar jogando bonito -- uma combinação que sempre pareceu impossível diante do final trágico experimentados pela Hungria de Puskas, a Holanda de Cruyff e o Brasil de Telê Santana.

O gozado é que todo mundo que já chutou uma bola na vida, seja por mero diletantismo, sabe que o segredo de um bom time é o toque de bola apurado. Até na várzea é comum ouvir o técnico, travestido de professor, gritando pra seus comandados dentro de campo: "vamos tocar a bola!!!" Parece fácil. E vendo o Barcelona jogar, parece óbvio. Mas não é bem assim. Primeiro porque, para tocar a bola a seu bel prazer, o time precisa estar mais tempo com a bola no pé. E isso só é possível com a retomada constante da bola, impedindo que o adversário jogue. O que mais impressiona nessa dinâmica de jogo do Barça campeão do mundo é a presteza com que retoma a posse de bola, sufocando o adversário.

Ter a bola no pé, no entanto, não basta. É preciso ter talento para saber o que fazer com ela. E, como bem observou o nosso galinho Zico, é preciso também muito treino. O estilo de jogo do Barcelona não é uma invenção do técnico Guardiola. É uma escola que vem de longa data e que se impõe aos meninos formados nas categorias de base do clube. Toda a movimentação dos jogadores parece estudada, obedece a uma lógica, reflete um aprendizado. Nada no jogo do Barcelona acontece por acaso.

A aula de futebol mostrada pela TV impregnou os anseios dos brasileiros. Todo mundo agora, no momento de balanço de 2011 e de projeções para 2012, deve estar sonhando em ver seu time jogando à imagem e semelhança do Barça na próxima temporada. Não  interessa se no elenco não há Busquets, Xavi, Iniesta, Messi... Sonhar não custa nada e faz parte desse momento, no qual a vida é comandada pela simbologia do recomeço de uma nova etapa. É hora de deixar para trás tudo que ficou de ruim e mentalizar só as coisas boas, os melhores planos, os mais efusivos votos de feliz ano novo.

É nesse embalo que o Blog do NN também vai esperar a virada de ano, agradecendo a todos os que nos visitaram em 2011 e esperando novos visitantes em 2012. Que para todos nós o mundo seja melhor. E que possamos trocar nossas atuais limitações pela ilimitada capacidade de criar demonstrada pelo Barcelona. Que todos nós possamos controlar o ritmo das nossas vidas como os craques do Barcelona controlam os caprichos da bola. Com inteligência _ e sem surpresas.

 Que os deuses do futebol, enfim, estejam com todos nós. Bola pra frente e feliz 2012.

NN

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De Neymar 11 a Joãozinho 10+10+10

O blog está num momento de aflição pelo estado de saúde de mestre Joãosinho 30 e de apreensão pelo duelo do século no futebol entre Neymar e Messi.

Estou na maior torcida pela recuperação do maior carnavalesco da história do Brasil, com quem eu tive o orgulho de conviver algumas horas aqui em São Paulo, há dois anos. Ele está internado na UTI em um hospital do Maranhão, correndo risco de vida. Que os deuses do samba tirem Joãosinho dessa.

E que os deuses da bola nos brindem com um jogo histórico na manhã deste domingo.

O que uma coisa tem a ver com outra? Simples:  Neymar 11, Messi 10 e Joãosinho 10+10+10 são dessas figuras que fazem o mundo melhor e dão sentido à vida. Que Deus os proteja. Eternamente.

Um bom final de semana para todos nós.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Só Neymar pode parar o Barcelona...

Depois de jogada a fase preliminar do Mundial de Clubes, no Japão, não resta a menor dúvida de que a final do torneio deve nos reservar mesmo o privilégio de ter o maior confronto do ano. De um lado do Santos, que não deverá ter dificuldade para derrotar o Kashiwa de Nelsinho Batista; de outro, o Barcelona, que seguramente irá atropelar quem quer que seja na partida prévia da decisão. Contando que um raio Mazembe não cai duas vezes no mesmo lugar, é hora pois de contar os dias para o grande clássico do futebol mundial da atualidade, o grande embate entre Neymar e Messi. Ou melhor, entre Neymar e Messi & Cia., uma vez que o Barcelona é um conjunto de craques que está acima do talento individual de quem quer que seja o seu maior expoente.

Dá gosto ver o Barcelona jogar. É pura excelência. É como ver Mike Tyson no ringue, ouvir o ronco de uma Ferrari, assistir a um desfile de Gisele Bundchen. Impossível ver defeito e não se deixar inebriar pela qualidade do espetáculo. Só mesmo o Santos, dado a esse momento iluminado de Neymar, pode-se se dar ao direito de cometer a desfaçatez de achar que pode derrotar o Barcelona. O Real Madrid, mesmo com o peso de suas estrelas, a força de sua torcida e a auto-suficiência de Mourinho não foi capaz, na noite de sábado. Pelo contrário. Iludiu-se com a glória de um gol a 23 segundos de partida e, ao final, acabou escapando de um sapeca-iaiá histórico. A vitória por 3 a 1 do Barça, em pleno Bernabeu, foi insuficiente para refletir a superioridade do Barcelona.

 Uma superioridade que se deve ao inacreditável senso tático da equipe comandada por Pepe Guardiola. O Barça é uma academia de futebol e seus jogos são uma aula para quem gosta desse esporte. O espírito coletivo do jogo está acima de qualquer vaidade e as variações táticas mostram o quanto o time catalão está acima dos demais. O Barça é hoje o que melhor exprime a melhor definição de futebol que eu conheço, um pérola de autoria do técnico Cilinho. “O futebol é a engenharia do espaço”, dizia mestre Cilinho lá pelo final dos anos 80... O tempo passou e poucos foram os times que souberam levar essa máxima para o campo.

Há quem compare o Barcelona de hoje ao carrossel holandês criado por Rinus Mitchels nas Copas de 74-78. Parece, mas há algo substancialmente diferente entre essas duas escolas de futebol. No futebol-total da Holanda quase não havia espaço para a magia, para o lado lúdico do futebol. O que, com o Barça está sempre presente. Raras vezes a beleza andou de mãos dadas com a eficiência e as duas derrotas da Holanda nas Copas é meio que um castigo ao revolucionário jeito de jogar de Cruyff e companhia. O Barcelona, ao contrário, só vence,  vence, vence... E joga igual contra o Nogueirópolis FC, o time do meu amigo Wanderley Nogueira, e o Real Madrid. Seja aonde for, a hora que for, com o tempo que for.

O último desafio a esse time fantástico, quase imbatível, é o Santos de Neymar. Por isso todos nós, amantes do futebol, devemos olhar para o relógio como quem conta as horas para o grande duelo. Não importa o resultado, nós somos privilegiados por poder assistir a esse mágico momento da história do futebol.