terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Que os deuses do futebol estejam conosco em 2012

Nesse momento em que todo mundo se fecha para balanço, o futebol brasileiro conta as horas para o final da temporada fazendo reverência ao majestoso toque de bola do Barcelona, que levou o time catalão ao merecido título de campeão mundial. Não sem razão, nove entre dez torcedores e críticos redescobriram o lado mágico do futebol pelos pés de Messi e Cia. Resta saber se os times brasileiros vão aprender a licão de que é possível sim ganhar jogando bonito -- uma combinação que sempre pareceu impossível diante do final trágico experimentados pela Hungria de Puskas, a Holanda de Cruyff e o Brasil de Telê Santana.

O gozado é que todo mundo que já chutou uma bola na vida, seja por mero diletantismo, sabe que o segredo de um bom time é o toque de bola apurado. Até na várzea é comum ouvir o técnico, travestido de professor, gritando pra seus comandados dentro de campo: "vamos tocar a bola!!!" Parece fácil. E vendo o Barcelona jogar, parece óbvio. Mas não é bem assim. Primeiro porque, para tocar a bola a seu bel prazer, o time precisa estar mais tempo com a bola no pé. E isso só é possível com a retomada constante da bola, impedindo que o adversário jogue. O que mais impressiona nessa dinâmica de jogo do Barça campeão do mundo é a presteza com que retoma a posse de bola, sufocando o adversário.

Ter a bola no pé, no entanto, não basta. É preciso ter talento para saber o que fazer com ela. E, como bem observou o nosso galinho Zico, é preciso também muito treino. O estilo de jogo do Barcelona não é uma invenção do técnico Guardiola. É uma escola que vem de longa data e que se impõe aos meninos formados nas categorias de base do clube. Toda a movimentação dos jogadores parece estudada, obedece a uma lógica, reflete um aprendizado. Nada no jogo do Barcelona acontece por acaso.

A aula de futebol mostrada pela TV impregnou os anseios dos brasileiros. Todo mundo agora, no momento de balanço de 2011 e de projeções para 2012, deve estar sonhando em ver seu time jogando à imagem e semelhança do Barça na próxima temporada. Não  interessa se no elenco não há Busquets, Xavi, Iniesta, Messi... Sonhar não custa nada e faz parte desse momento, no qual a vida é comandada pela simbologia do recomeço de uma nova etapa. É hora de deixar para trás tudo que ficou de ruim e mentalizar só as coisas boas, os melhores planos, os mais efusivos votos de feliz ano novo.

É nesse embalo que o Blog do NN também vai esperar a virada de ano, agradecendo a todos os que nos visitaram em 2011 e esperando novos visitantes em 2012. Que para todos nós o mundo seja melhor. E que possamos trocar nossas atuais limitações pela ilimitada capacidade de criar demonstrada pelo Barcelona. Que todos nós possamos controlar o ritmo das nossas vidas como os craques do Barcelona controlam os caprichos da bola. Com inteligência _ e sem surpresas.

 Que os deuses do futebol, enfim, estejam com todos nós. Bola pra frente e feliz 2012.

NN

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De Neymar 11 a Joãozinho 10+10+10

O blog está num momento de aflição pelo estado de saúde de mestre Joãosinho 30 e de apreensão pelo duelo do século no futebol entre Neymar e Messi.

Estou na maior torcida pela recuperação do maior carnavalesco da história do Brasil, com quem eu tive o orgulho de conviver algumas horas aqui em São Paulo, há dois anos. Ele está internado na UTI em um hospital do Maranhão, correndo risco de vida. Que os deuses do samba tirem Joãosinho dessa.

E que os deuses da bola nos brindem com um jogo histórico na manhã deste domingo.

O que uma coisa tem a ver com outra? Simples:  Neymar 11, Messi 10 e Joãosinho 10+10+10 são dessas figuras que fazem o mundo melhor e dão sentido à vida. Que Deus os proteja. Eternamente.

Um bom final de semana para todos nós.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Só Neymar pode parar o Barcelona...

Depois de jogada a fase preliminar do Mundial de Clubes, no Japão, não resta a menor dúvida de que a final do torneio deve nos reservar mesmo o privilégio de ter o maior confronto do ano. De um lado do Santos, que não deverá ter dificuldade para derrotar o Kashiwa de Nelsinho Batista; de outro, o Barcelona, que seguramente irá atropelar quem quer que seja na partida prévia da decisão. Contando que um raio Mazembe não cai duas vezes no mesmo lugar, é hora pois de contar os dias para o grande clássico do futebol mundial da atualidade, o grande embate entre Neymar e Messi. Ou melhor, entre Neymar e Messi & Cia., uma vez que o Barcelona é um conjunto de craques que está acima do talento individual de quem quer que seja o seu maior expoente.

Dá gosto ver o Barcelona jogar. É pura excelência. É como ver Mike Tyson no ringue, ouvir o ronco de uma Ferrari, assistir a um desfile de Gisele Bundchen. Impossível ver defeito e não se deixar inebriar pela qualidade do espetáculo. Só mesmo o Santos, dado a esse momento iluminado de Neymar, pode-se se dar ao direito de cometer a desfaçatez de achar que pode derrotar o Barcelona. O Real Madrid, mesmo com o peso de suas estrelas, a força de sua torcida e a auto-suficiência de Mourinho não foi capaz, na noite de sábado. Pelo contrário. Iludiu-se com a glória de um gol a 23 segundos de partida e, ao final, acabou escapando de um sapeca-iaiá histórico. A vitória por 3 a 1 do Barça, em pleno Bernabeu, foi insuficiente para refletir a superioridade do Barcelona.

 Uma superioridade que se deve ao inacreditável senso tático da equipe comandada por Pepe Guardiola. O Barça é uma academia de futebol e seus jogos são uma aula para quem gosta desse esporte. O espírito coletivo do jogo está acima de qualquer vaidade e as variações táticas mostram o quanto o time catalão está acima dos demais. O Barça é hoje o que melhor exprime a melhor definição de futebol que eu conheço, um pérola de autoria do técnico Cilinho. “O futebol é a engenharia do espaço”, dizia mestre Cilinho lá pelo final dos anos 80... O tempo passou e poucos foram os times que souberam levar essa máxima para o campo.

Há quem compare o Barcelona de hoje ao carrossel holandês criado por Rinus Mitchels nas Copas de 74-78. Parece, mas há algo substancialmente diferente entre essas duas escolas de futebol. No futebol-total da Holanda quase não havia espaço para a magia, para o lado lúdico do futebol. O que, com o Barça está sempre presente. Raras vezes a beleza andou de mãos dadas com a eficiência e as duas derrotas da Holanda nas Copas é meio que um castigo ao revolucionário jeito de jogar de Cruyff e companhia. O Barcelona, ao contrário, só vence,  vence, vence... E joga igual contra o Nogueirópolis FC, o time do meu amigo Wanderley Nogueira, e o Real Madrid. Seja aonde for, a hora que for, com o tempo que for.

O último desafio a esse time fantástico, quase imbatível, é o Santos de Neymar. Por isso todos nós, amantes do futebol, devemos olhar para o relógio como quem conta as horas para o grande duelo. Não importa o resultado, nós somos privilegiados por poder assistir a esse mágico momento da história do futebol.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Palmas para o mestre Valdir de Moraes

Quem já frequentou um treino, entrou num vestiário, viajou com algum time e viu um jogo de futebol com o olhar que não seja o do torcedor sabe que o futebol é um mundo que reúne todo tipo de gente. De malandros a homens de família, de craques a enganadores, de mentirosos a estelionatários, de amadores a apaixonados... Enfim, o futebol não é diferente da vida, e move-se levado pela diversidade que permeia todos os segmentos da sociedade. Assim é que, se você está dentro da engrenagem, é preciso saber separar o joio do trigo e escolher bem com quem anda. Afinal, são poucos os sujeitos confiáveis com quem se pode trocar uma confidência desprovida de algum interesse escuso.

Fiz todo esse prólogo (que eu, como editor, condenaria em qualquer texto...sorry) para registrar aqui uma singela homenagem a Valdir Joaquim de Moraes, que hoje completa 80 anos. O mestre de todos os goleiros brasileiros é dessas pessoas que viram referência na nossa vida e acabam se distinguindo na paisagem. Entre tantos personagens que a gente olha com desconfiança, seo Valdir é a certeza de que o futebol também agrega gente do bem, que não coloca seus interesses pessoais acima de todas as coisas. 

O ex-goleiro Valdir de Moraes tem sua história ligada ao Palmeiras, clube que defendeu lá pelos anos 50/60. Eu praticamente não o vi jogar. Já vim conhecê-lo como treinador de goleiros do próprio Palmeiras -- função, aliás, que ele inventou no futebol mundial. E vi como sua competência na transmissão dos ensinamentos e segredos da posição foram fundamentais para o surgimento e consolidação da carreira de alguns dos maiores arqueiros do país. Se fosse só para citar quatro, lembraria de Ronaldo, Zetti, Marcos e Rogério Ceni. Precisa de mais?

Na incansável preparação dos goleiros, seo Valdir desenvolveu a qualidade e eficiência do chute. Dizem todos os especialistas na arte de jogar futebol que ele é um dos caras que melhor batem na bola no Brasil, na mesma medida de Marcelinho Carioca, por exemplo. Também, pudera! Vi inúmeros treinos em que seo Valdir chutou mais de 500 bolas para seus goleiros. E a repetição por certo o levou à perfeição.

Mas era fora de campo que, para mim, o mestre dos goleiros revelava suas melhores qualidades e competências. Eu sempre admirei a forma como ele controla o tom de voz, seja dando treino, seja dando entrevista, seja conversando numa roda de amigos. Nunca o ouvi subir o tom. Sua voz sempre me pareceu sinônimo de segurança. Talvez por isso tenha sido o protetor e conselheiro de vários técnicos famosos com quem teve a honra de trabalhar. Wanderley Luxemburgo, por exemplo, chama-o de pai.

Minha relacão com ele não chegava a esse ponto. Mas devo a ele uma das maiores reflexões que já fiz na vida. Um dia eu tinha revelado a ele que, quando garoto, cheguei a sonhar em ser goleiro. Tinha até foto vestido todo de preto, como os goleiros dos anos 60. Tempos depois, ele me encontrou em Atibaia, num jogo da imprensa contra a comisão técnica do Corinthians, na época liderada por Luxemburgo. Eu joguei no meio-campo e praticamente não peguei na bola. Nosso time levou uma goleada...

No final da partida, entre um copo de cerveja e outro no churrasco de confraternização, seo Valdir chegou perto de mim, me puxou pelo braço e disparou, com aquele ar de paixão: "É meu filho, era melhor você ter seguido a vocação de goleiro, porque de volante não dá..."

Obrigado pelo conselho, seo Valdir. Parabéns por mais este aniversário. O futebol e a vida precisam de gente como você!

NN

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Planejamento? O que é isso?

Em 32 anos de jornalismo, a maioria deles correndo atrás da bola no Brasil e no mundo, creio que a palavra que mais vezes ouvi repetida a esmo foi planejamento. Parece que dá status falar em planejamento no futebol, na medida em que qualquer projeto bem realizado passa a ser um diferencial. Mesmo que o sucesso seja por acaso. Até porque, a bem da verdade, o que eu vi ao longo dessas três décadas foram muitos mais casos de falta de planejamento. Mesmo com muitos avanços, ainda se trata profissionalmente do futebol de forma amadora, com processos de gestão que não obedecem a nenhum critério científico. É um verdadeiro bumba meu boi!!!

Três episódios dessa semana demonstram bem o que estou falando e confirmam a sensação de que a linha que separa o sucesso do fracasso é quase invisível no futebol brasileiro. Vamos aos fatos:

Falta de planejamento 1: A estúpida demissão de Caio Júnior
    É inacreditável que ainda se aceite esse tipo de coisa como algo no mínimo razoável. A três rodadas do final do campeonato, o dirigente demite o treinador imaginando, sabe-se lá como, que algum ser superior vá assumir o cargo e fazer uma mágica nos últimos jogos. Se não deu com Caio Júnior, o genérico, que venha logo um verdadeiro Harry Potter!

É bem verdade que muitas empresas também agem assim, ao sabor das vendas e dos borderôs, mudando executivos, contratando consultorias milagrosas e impondo novos objetivos sem que os velhos tivessem sua ineficiência comprovada. É o tal do imediatismo empresarial _ que, no futebol chega às raias da burrice absoluta. Dispensar o técnico é a tábua de salvação de todas as gestões incompetentes.

 Será que no Botafogo ninguém se deu conta que Caio Júnior fez mais do que era possível com um time limitado? Será que o presidente acredita mesmo que, com essa mudança desesperada, ficará mais fácil chegar à vaga na Libertadores? Será que alguém não se atentou para o fato de que, a três rodadas do final, não há nenhum treinador competente disponível no mercado para suceder o demitido? Isso é falta de visão. O ano vai acabar daqui três semanas,e os dirigentes atropelam o calendário dessa forma, impunemente.

No máximo, essa grande besteira só vai servir para confirmar a velha tese de que tem coisas que só acontecem com o Botafogo....

Falta de planejamento 2: o estranho caso de Dagoberto
    Gostaria muito de poder entender o que se passa com Dagoberto no São Paulo. Já ouvi falar de tudo sobre ele, mas, sem prova, nunca comprei as versões de que ele é igrejeiro, chinelinho e laranja podre. O que é gozado é que, mesmo com toda essa fama de bad boy, Dagoberto é um dos mais antigos desse elenco do São Paulo e, sempre que jogou, esteve pelo menos na média dos outros atletas. Neste momento, aliás, era o melhor do time.

De repente, o técnico Leão deixa-o no banco, em Curitiba, para atacar o Atlético-PR com a temível dupla Henrique-Fernandinho. Pior, na subsituição que fez para tentar evitar a derrota, Leão mandou Marlos a campo, dando a entender que Dagoberto era a quarta opção.

O pior de tudo isso é a suspeita de que Dagoberto não jogou por ordem do presidente Juvenal Juvêncio. Que ele é mesmo dado a meter o bedelho no time todo mundo sabe, o que é dificíl acreditar é que Leão tenha se prestado a esse papel de vaquinha de presépio. De uma forma ou de outra, eis mais um belíssimo exemplo de falta de planejamento. O melhor atacante do grupo, utilizado o ano todo, vai para a reserva justamente no momento em que o time precisava vencer para sonhar com a Libertadores. E perdeu. Bem feito!

Falta de planejamento 3: a inacreditável ressurreição de Ramirez

Nem o mais fanático corintiano poderia imaginar que a vitória sobre o Ceará saísse dos pés de Cachito Ramirez. Até porque pouquíssimos corintianos ainda se lembravam dele. Para muita gente, ainda sofrida com aquele vexame mundial da derrota para o Tolima, Ramirez já estava longe do Parque São Jorge... Mas que nada!

Nesse futebol onde o planejamento só aparece no discurso, eis que, como por encanto, o técnico resolve ressuscitá-lo. E eu duvido que alguma vez Tite testou Ramirez no lugar de Danilo. Nem em treino secreto! Nem no jogo de botão! Nem no Play Station!!

Aqui entre nós, o peruano nunca foi opção do treinador para nada, tanto que Tite cansou se insistir com Morais (meu Deus, como ele pode jogar no Corinthians????), Edenílson, Jorge Henrique e até Moradei e Taubaté. Mas, do nada, Tite mandou Ramirez a campo e ambos saíram dele como heróis.

Ouvi muita gente dizendo que aquela foi uma vitória com o dedo de Tite. Como se o treinador tivesse planejado o final feliz da mais das improváveis substituições do campeonato brasileiro deste ano. Ah, tá bom. Agora vai dizer que ele também acredita em Papai Noel, Saci-Pererê e na Loira do Espelho...

NN

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como não se faz um campeão

Não é só com bons jogadores que se faz um time campeão. Vá lá que ter um bom goleiro, um zagueiro tipo xerifão, pelo menos um volante que saiba fazer um passe de dois metros, um cara genial na criação no meio de campo e um goleador lá na frente ajuda bastante... mas nem sempre esses ingredientes garantem uma receita de sucesso. Para ser campeão, de qualquer coisa na vida, as equipes precisam de atributos que nem sempre são perceptíveis à maioria dos espectadores. Estamos falando de um conjunto de qualidades intangíveis que formam o que se chama de alma de campeão.

A partir desse raciocínio, é justo dizer que este Brasileirão não deveria ter nenhum campeão, pois não há um time que mereça a glória de levantar a taça ao final da competição. Aliás, já nos últimos dois anos, sem demérito a Flamengo e Fluminense, os campeões não foram produtos dos próprios méritos e sim se valeram da incompetência dos adversários. O mesmo desfecho se desenha agora. É como se ninguém tivesse competência para ser campeão, deixando a decisão ao acaso, ao sabor das combinações de resultados produzidos pelos caprichos da bola.

O exemplo do Corinthians, líder há mais de 20 rodadas, é o mais grave. O time pode até engrenar nas últimas cinco rodadas, ganhar todos os jogos e ser campeão com folga. Mas não há na face da terra nenhum torcedor, nem o mais fanático gavião, que tenha essa convicção, pois que esse time de Tite não inspira confiança. E mal merece respeito, porque mal respeita as tradições do clube do povo. O que se viu em Uberlândia foi o retrato de um time que não confia nas próprias pernas e espera chegar ao título com a ajuda dos outros.

Em resumo, o Corinthians que perdeu do lanterninha do campeonato é um time sem alma de campeão. Do contrário, teria partido com tudo para cima do adversário, buscando a vitória a qualquer preço, ainda mais sabendo que o Santos derrotava o Vasco na Vila Belmiro, o que lhe abria a possibilidade de folgar na liderança. Mas, que nada! O Corinthians de Uberlândia foi um time medroso, covarde, inseguro, nervoso, que trocou a vontade de ganhar pelo medo de perder e pagou caro por essa postura. Quando tentou segurar o empate, achando que já era um bom negócio fora de casa, foi castigado com o segundo gol dos mineiros, que nem estavam mais acreditando no resultado. Já dizia o filósofo Luxemburgo que o medo de perder tira a vontade de ganhar. É frase feita, mas verdadeira.

É revisionista e simples demais tentar jogar a culpa no técnico Tite. Sim, claro, ele também tem culpa, pois joga o time para trás, substitui mal (por que diabos ele sempre tira o William no segundo tempo, mesmo quando todos os outros 10 jogadores estão atuando abaixo da média???) e tenta segurar os resultados com um pragmatismo que quase nunca está vinculado aos times vencedores da história do futebol mundial. Mas, convenhamos, Tite não pode pagar a conta sozinho. Os jogadores, todos eles, devem ratear a culpa pela derrota, como rateiam os bichos pelas vitórias. Do goleiro ao ponta-esquerda, todos se omitiram numa hora decisiva, num jogo que, pelas circunstâncias, poderia ter decidido o campeonato. Aliás, há muita gente que entende que o Corinthians perdeu o título com essa derrota.

Sei que se o Corinthians, amanhã, for campeão, Tite e os jogadores vão querer nos fazer engolir essa e outras críticas do gênero. Eles sempre agem assim para driblar o incômodo de admitirem suas fraquezas. É o efeito Zagallo. Como o futebol é movido por resultados, os vencedores se acham imunes às críticas e, especialmente, aos críticos. Mas eles ganhariam mais se soubessem reconhecer que o futebol, como um jogo que mexe com a paixão de milhões de pessoas, deve ser visto além do horizonte dos placares e das decisões dos títulos.

Vale lembrar que o Corinthians não é o único que se possa jogar nessa vala dos times sem alma de campão. O mesmo se atribui a Vasco, Botafogo, Flmengo e São Paulo, por exemplo, que chegaram a estar na liderança do campeonato e jamais souberam se impor como líderes. O mesmo se pode dizer de Cruzeiro e Palmeiras, que do outro lado da tabela desonram seu passado de glória e se veem ameaçados pelo rebaixamento.

Definitivamente, esse campeonato vai ficar marcado como o maior exemplo de como não se faz um campeão. O campeão, seja ele qual for, que me perdoe.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Neymar, o melhor do mundo

Eis que, finalmente, a Fifa e a revista France Football se deram conta que existe futebol de qualidade além das fronteiras da Europa. Já estava na hora de eles caírem na real e reconhecerem que a eleição do melhor jogador do mundo na temporada não pode se restringir ao Velho Continente. Vá lá que precisou surgir um talento como Neymar para os europeus se darem conta de que podiam estar, no mínimo, adotando um comportamento preconceituoso, senão injusto com craques espalhados pelo mundo.

Neymar, colocado numa pré-seleção dos 50 melhores, já foi reclassificado para o corte que desembocou numa lista com 23 candidatos ao prêmio de melhor do mundo. E, convenhamos, se não houver marmelada nessa votacão, o brasileiro deve ir passando por todos os filtros, até chegar, pelo menos, entre os três maiores jogadores do planeta bola. Provavelmente ao lado do argentino Messi e qualquer um outro _ seja ele quem for, por certo não há de chegar aos pés desses dois monstros.

O Diário de S.Paulo de hoje traz uma interessante reportagem em que compara a performance dos dois jogadores no período em que ambos iniciavam a carreira. E os números são absolutamente favoráveis a Neymar. Isso não quer dizer que ele é, cientificamente, melhor do que o argentino. Mas aponta para uma certeza revelada por gente que entende muito de bola, como Pelé e Muricy. Para os dois, a escolha de Neymar como o melhor jogador do mundo é uma questão de tempo. Se não for ainda este ano, certamente não vai passar de 2014, ano da Copa, ano programado para a exuberância do futebol de Neymar encantar o mundo.

A Fifa e a France Football não fariam favor nenhum se concedessem, já este ano, o troféu Bola de Ouro para o menino craque do Santos. Pois, ninguém como ele, em nenhum lugar do mundo, fez do futebol um exercício de magia e diversão. Neymar joga profissionalmente como um menino que brinca no campinho do bairro, incluída nessa licença poética toda a carga de picardia, alegria, ousadia e irreverência que só se encontra no imaginário de cada um de nós. Neymar brinca com a bola, e se diverte. Por isso não se cansa de jogar, mesmo estando perto de superar o limite desumano de 60 partidas na temporada.

Neymar é desses talentos que nascem predestinados. Ora lembra Pelé, ora Maradona. Ora é Zico, Platini, Garrincha, Didi, Puskas, Di Stéfano...Quando não é uma mistura de todos eles ao mesmo tempo, como se fosse um desses jogadores de Playstation, aos quais a gente pode dar atributos e competências especiais. Neymar é top em velocidade, criatividade, arranque, domínio de bola, preparo físico, visão de jogo, finalização, drible...Neymar não parece real, parece mais um avatar construído pelos nossos sonhos de um jogador ideal. Neymar é tudo o que a gente quis ser um dia.

O menino que encanta os torcedores e leva ao delírio as fãs é uma máquina de jogar bola. E só não será eleito o melhor do mundo este ano se a Fifa e a FF acharem que ainda não é hora de deixar de fazer média para fazer justiça.

Os deuses da bola estão de olho e vão cobrar o resultado das urnas. Se meu voto puder mudar alguma coisa, ele já está dado. Neymar em primeiro e o resto em segundo lugar!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os desafios do novo ministro do Esporte

O deputado Aldo Rebelo saiu, digamos, da clandestinidade da opinião pública, quando ganhou as manchetes do noticiário esportivo de todo o Brasil como o relator da CPI da Nike, que tinha como objetivo investigar as denúncias de irregularidades da gestão de Ricardo Teixeira na presidência da CBF. O que, a princípio, parecia o início da redenção do futebol brasileiro, ficou só na ameaça, pois a força da chamada bancada da bola esvaziou politicamente as boas intenções das investigações. Ninguém foi preso, ninguém foi condenado, ninguém foi culpado... e assim caminhou o futebol brasileiro, dominado pelos mesmos patrões.

Aldo Rebelo, no entanto, saiu fortalecido do processo. E, por mais que tenha cometido deslizes políticos depois disso, chega hoje ao Ministério do Esporte com uma biografia que se deve respeitar. Tomara mesmo ele possa rever os descaminhos que derrubram Orlando Silva do cargo e saiba conduzir a pasta de maneira mais honrosa. O país precisa que seja assim. Afinal, o Brasil é a bola da vez aos olhos do mundo, com a Copa-14 e as Olimpíadas-16, e náo pode ficar sob suspeita. Lutamos tanto contra o complexo de vira-latas, criado pelo gênio Nelson Rodrigues, que não podemos correr o risco de voltar a ver o país olhado com desconfiança na comunidade internacional. A política e os políticos não podem jogar na lata do lixo as conquistas da sociedade, que amadureceu à custa de muito sacrifício.

O novo ministro não tem o direito de priorizar as questões partidárias. Pelo contrário, deve expor todas as mazelas do seu PC do B se esse for o preço de fazer uma faxina moral nos negócios, acordos e contratos do Ministério do Esporte com essas tais ONGs oportunistas. Como dizia Lula, tem que cortar na carne. Como diz Dilma, não há de se tolerar os malfeitos do seu governo. A CPI da Nike, que não deu em nada, é uma boa licão que, espero, o deputado Aldo Rebelo tenha aprendido para se certificar que no esporte, assim como na política, as raposas estão sempre de plantão.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um rei que não perde a majestade

Nem Leão no São Paulo, nem o perde e ganha do Brasileirão, nem o cai-nao-cai do ministro do Esporte, nem o vexame do futebol masculino nos Jogos Pan-Americanos. Hoje peço licença a todos vocês, caros e raros leitores, para falar do Rei Pelé, que chega aos 71 anos sem perder a majestade.

Sempre que posso, seja qual for o canal de comunicação que me estiver disponível, faço questão de reverenciar Pelé. Até mesmo quando não há, aparentemente, um motivo que traga Pelé para a pauta do dia. Afinal, Pelé está acima dos fatos. Logo, é desnecessário elencar tudo o que ele fez na carreira de jogador de futebol. Tal como é irrelevante apontar seus pequenos deslizes depois que pendurou as chuteiras. E absolutamente improdutivo entrar na polêmica que os argentinos querem manter acesa, comparando-o a Di Stéfano, Maradona, Messi...Os argentinos sabem que Pelé é único como Gardel! E olhe lá...

Em mais de 30 anos de carreira no jornalismo, estive algumas vezes com Pelé. Ele já tinha parado de jogar quando fui entrevistá-lo pela primeira vez, no finalzinho dos anos 80. Chegar até ele demandou uma série de contatos prévios com o mesmo Pepito que, ainda hoje, trabalha para o Rei fazendo um filtro dos pedidos de entrevista, como uma espécie de assessor de imprensa sem pasta. A vantagem dessa escala é que, quem passa pelo crivo de Pepito, quando chega ao encontro de Pelé encontra um sujeito acessível, gentil, solícito, quase desarmado. Foi assim que Pelé me recebeu num luxuoso apartamento que mantinha nos Jardins, em São Paulo. Eu, ainda foca, entrei tremendo na sala, com uma reprodução de uma capa do jornal A Gazeta Esportiva, cuja manchete era PELÉ, JOGAI POR NÓS!, publicada durante a Copa de 66.

Mergulhei nessas lembranças de três décadas, no dia do 71 aniversário de Pelé, para reafirmar que Pelé é único, diferente de tudo o que a gente vê hoje por aí.

Num momento em que o futebol sofre com a falta de talentos e com o excesso dos falsos craques, a lembrança de Pelé é um alento.

Num momento em que o ministro do Esporte parece engolido pelo turbilhão de suas ligações perigosas com ONGs oportunistas, o passado de Pelé é um consolo.

 Num momento em qualquer jogador meia-boca desfila com o rei na barriga, a imgem de Pelé é um divisor de águas.

Num momento em que eu acho que estou ficando velho demais para suportar esse futebol onde imperam os medíocres, a história de Pelé me dá forças para continuar acreditando que amanhã vai ser um dia melhor que hoje.

E assim, esperançoso, eu vou tocando a vida, feliz por saber que Pelé está vivo nas minhas memórias. Obrigado e parabéns, meu Rei!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um dia para entrar na história do Corinthians

Impossível deixar de registrar que este 20 de outubro de 2011 é uma data histórica para o Corinthians. A confirmação dada hoje pela Fifa de que o futuro estádio de Itaquera será o palco de abertura da Copa do Mundo de 2014 (mais exatamente em 12 de junho de 2014) é a sublimação de um sonho, que ao longo desses 100 anos de história arrastou-se como um pesadelo nas costas de todo corintiano vivo ou morto.

Estou bem à vontade para dizer isso porque fui um dos jornalistas mais descrentes em relacão ao estádio corintiano. Talvez porque tenha sido iludido tantas outras vezes no passado, custei a acreditar que, desta vez, seria diferente. Foram tantas promessas, tantos projetos engavetados, tantas maquetes perdidas no tempo que cheguei a duvidar que o sonho pudesse virar realidade, mesmo agora,  com um indisfarçável empenho pessoal do presidente da República, e com as benesses das verbas dos governos federal, estadual e municipal.

Mas, o fato é que, com o aval da Fifa, hoje não resta mais dúvida que o estádio em Itaquera vai sair mesmo. Moderno, adaptado aos padrões internacionais, rentável, digno de sediar a abertura de um campeonato mundial. E é preciso reconhecer que essa é uma vitória de todos os corintianos, mas, especialmente, do presidente Andres Sanchez. Por natureza, não gosto de fazer elogios a dirigentes de futebol, pois sei que eles não costumam sustentar de pé o que dizem sentados. Mas é preciso ser justo e reconhecer em Andres um papel fundamental nesse projeto do estádio corintiano. Ele superou as dificuldades, a falta imediata de recursos e não se curvou diante dos preconceitos que havia em relacão a sua figura quase folclórica, ao clube e ao bairro de Itaquera.

Também há que se destacar o papel fundamental de Ronaldo em toda esse conto de fadas. Dá até para dizer que a história do Corinthians poderá ser contada no futuro, dividindo-se em dois períodos _ antes de Ronaldo e depois de Ronaldo. A passagem do Fenômeno pelo Corinthians colocou o clube num outro patamar, especialmente no mercado mundial. Ele abriu muitas portas para o Corinthians transformar-se num clube de maior projeção internacional, mesmo sem nunca ter ganho um título de prestígio. O Mundial de Clubes, aqui entre nós, tem o demérito de não ter feito escala na Libertadores da América. Ronaldo, por isso e muito mais, valeu todos os centavos que ganhou no Corinthians e foi um dos maiores e mais eficientes investimentos em marketing que o clube desenvolveu em um século de história.

O blog, pois, não poderia deixar passar essa data em branco... e preto. Parabéns a toda Nação Corintiana por esse dia de glória.

Com a bênção de São Jorge, o santo guerreiro, a Copa do Brasil vai começar no Fielzão.
NN

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A noite em que a Lusa dançou o "desvira"

Emocionante a festa dos jogadores e da torcida da Portuguesa, terça-feira à noite, no Canindé, comemorando a volta virtual à Série A do Campeonato Brasileiro. Falta só a confirmação da matemática, mas os matemáticos já garantem que, com 63 pontos ganhos, não há como a Lusa ficar fora da elite no ano que vem.

O entusiasmo justifica até a heresia de comparar o time do Canindé ao Barcelona, posto que esta foi a forma que a torcida encontrou para exaltar seus heróis. Faz parte. É até divertido como os lusitanos brincam com esse delírio, batizando seus jogadores à imagem e semelhança dos craques do Barça. Ananiesta, por exemplo, é um achado da criatividade e uma pérola do bom-humor. Ah, como seria bom se o futebol fosse sempre assim, lúdico, fantasioso, inventivo, quase inocente...

Um vez de volta à elite, a Lusa tem agora a dificil missão de permanecer nela. E, para tanto, não vai poder cometer os erros do passado. Imagino que a licão dos fracassos anteriores tenha sido aprendida e que, agora, a história será diferente. É preciso manter o time, trazer reforços, dar um jeito de segurar o técnico Jorginho e, finalmente, pensar grande. Esse é o desafio da Lusa, que por anos a fio foi se apequenando, sem se dar conta de sua própria grandeza.

A Leões da Fabulosa já "desvirou" a faixa que, estendida de ponta-cabeça, protestava contra o passado de trevas. De modo que o vira, tradicional dança da colônia lusitana, bem que poderia ser rebatizado de desvira.

Bem vinda, ora pois, de volta à Série A, Lusa!
Parabéns, Ananiesta, Pelédno... e Cia.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

E agora, Juvenal?

Lembro como se fosse hoje o dia em que, ao demitir Muricy Ramalho, o presidente Juvenal Juvêncio, do alto de sua arrogância, disse que o recém-conquistado tricampeonato brasileiro era mais mérito da estrutura do clube do que da competëncia pessoal do treinador. O tempo serviu pra provar que a conviccão de Juvenal, se não era uma mentira, era uma verdade relativa. Afinal, fora do Morumbi, Muricy continuou colecionando títulos, enquanto o São Paulo foi colecionando treinadores demitidos, todos eles vítimas dos maus resultados que se sucederam.

Muricy, campeão brasileiro pelo Fluminense e campeão paulista e da Libertadores pelo Santos, hoje às vésperas de brigar pelo titulo mundial de clubes, assiste de camarote à lenta e gradual desmistificação da tal estrutura do São Paulo.

É preciso que se diga, no entanto, a bem da verdade, que Juvenal Juvêncio bancou até onde pode a permanência de Muricy no São Paulo, resistindo a uma campanha interna contra o treinador. Muitos diretores fritavam o técnico porque, com ele, nunca tiveram muito espaço nos vestiários, nas concentrações e nos campos de treinamento do CT. Muricy, eterno ranzinza, não é desses treinadores que deixam a cartolagem inútil gravitar em torno dos jogadores para parecer influente.

Essa postura de poucos amigos criou várias áreas de atrito para Muricy, que se manteve no cargo graças ao apoio do presidente e, lógico, aos resultados do time em campo. Os que vieram depois dele não se sustentaram, justamente porque não tiveram a mesma performance. Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César Carpegiani e, agora, Adílson Batista, são vítimas da cultura do resultado impregnada no futebol brasileiro.

É evidente que o São Paulo tem mesmo uma estrutura invejável, só encontrada em meia dúzia de clubes do Brasil se tanto. Mas não adianta ter um bom CT, boa concentração, equipamentos de última geração e bons salários se o clube não tem gente competente para fazer a roda andar. E, nisso, parece que o São Paulo tem cometido erros de avaliação que estão lhe custando muito caro. Pois não foi só Muricy que acabou dispensado na ilusão de que a estrutura estava acima dos bons profissionais. Basta lembrar que, recentemente, o São Paulo demitiu o preparador físico Carlinhos Neves e o fisiologista Turíbio de Barros, que estava havia 25 anos no clube.

Será só uma simples coincidência? Não acredito. Como dizia o velho e sábio Oto Glória, técnico brasileiro que chegou a dirigir a seleção de Portugal, no futebol, assim como na vida, não dá para fazer omelete sem ovos.

 Só com a galinha, ninguém faz milagre. Nem a pau, Juvenal!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Campeão por pontos perdidos... pelos outros

No meu tempo de garoto, e lá vai tempo..., os campeonatos eram de pontos corridos, como agora. Havia, no entanto, duas diferenças importantes: cada vitória valia apenas dois pontos ganhos e a tabela de classificação tinha como referencial o total de pontos perdidos.

À luz da matemática, essa parece ser a fórmula mais correta e é a que hoje deixaria o Botafogo em primeiro lugar nesse Brasileirão de eterno perde-ganha. Sim, porque de todos os pontos já disputados, o time da estrela Solitária é o que teve menos perdas. Tanto que se ganhar o jogo que tem a menos em relação aos outros candidatos ao título, ultrapassa Corinthians e Vasco em pontos ganhos. É o único nessa condição hoje.

 O duro é apostar em algum prognóstico nesse torneio, marcado, digamos assim, pelo equilíbrio da incompetência. Sim, incompetência, pois que, até agora, nenhum time que andou ali na zona da liderança soube aproveitar a chance para abrir uma folga. O Corinthians foi o que acumulou mais gordura, chegando a ficar sete pontos à frente do segundo colocado, mas depois que começou a mostrar a mesma irregularidade dos demais, jamais voltou a ser o que era.

é por isso que eu digo que, se o Botafogo é o lider por pontos perdidos, o Corinthians é o líder por pontos perdidos pelos outros. Outros como o Vasco, que na rodada deste meio de semana vacilou de novo, só empatou com o desesperado Atlético-PR, e perdeu mais uma chance de se distanciar.

 E assim devemos caminhar até a última rodada. O que me leva a voltar ao passado para ver, de novo, um campeão ser proclamado por pontos perdidos. Hoje é o Botafogo, mas quem se arrisca a apostar um dólar furado nele?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Tem coisas que só acontecem com o Moradei...

O sábio Carlos Alberto Parreira já dizia que o gol é um mero detalhe do futebol. Aliás, quando disse isso, o técnico quase foi condenado à forca, porque muita gente entendeu, naquele contexto, que ele defendia um futebol jogado sem objetivo, sem desejo de vitória. Eu também embarquei nessa e só depois de muito tempo, numa conversa com Parreira nos bastidores de um programa de televisão, é que eu entendi o que de fato ele queria dizer. Na sua teoria, tamanha era a horizontalização dos processos do futebol em todo o mundo (treinos iguais, equipamentos iguais, táticas iguais, competências iguais em vários países), o placar de um jogo quase sempre era construído em cima de pequenos detalhes que escapavam de um planejamento. Para Parreira, o resultado de um jogo, muitas vezes, atendia aos desígneos da bola e não a uma semana de treinamento bem feito.

Lembrei de toda essa teoria, certamente ainda contestada por muita gente que entende de bola, para tentar encontrar uma explicação para a belíssima vitória do Botafogo sobre o Corinthians, ontem, no Pacaembu. Sem deixar de considerar que o Botafogo fez, taticamente, um primeiro tempo quase perfeito, acho que a tese do Parreira serve bem para explicar os 2 a 0. Afinal, se você, raro leitor, pegar o scout do jogo, verá que o Corinthians criou infinitas chances de gol a mais que o Botafogo; teve 20 escanteios a favor e só um contra, chutou 24 vezes ao gol contra 6 arremates dos cariocas, atuou boa parte do jogo com 11  contra 10, contou com 30 mil fiéis empurrando o time nas arquibancadas...E perdeu! Com tudo isso, deu Botafogo...

É dessa irracionalidade matemática do futebol que Parreira falava quando disse que o gol é só um detalhe. Quem comparar os números não há de acreditar no resultado final. Capricho da bola ou seja lá o que for, é essa imprecisão que faz do futebol o jogo mais apaixonante do planeta.

E vejam como o tal detalhe faz  mesmo a diferença. Nos dois gols do Botafogo a bola desviou em Moradei e matou o goleiro Júlio César. Dali pra frente, o Corinthians teve muitas chances de marcar, mas ficou no zero porque, em pelo menos três ocasiões, a bola desviou em Marcelo Mattos e foi pra fora. O azar de um foi a sorte do outro. A glória de um foi o castigo do outro.

Está claro que não se pode contestar a vitória do Botafogo, que poderia até ser mais contundente se o bandeirinha não tivesse anulado um dos gols mais legítimos da história do futebol mundial. Mas, vendo os dois lances em que a bola desvia no corintiano n vai para a rede, dá vontade de reinventar uma célebre frase do futebol brasileiro, eternamente atrelada aos percalços do Botafogo. Tem coisas que só acontecem com o Moradei...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Blog do Nelsinho procura um nome

Meu guru no mundo dos blogs é o jornalista Fábio Salgueiro. Ninguém como ele me incentivou tanto a cair na rede, principalmente agora que descobri um tempo que não tinha para escrever assim, livremente, sem padrão e sem patrão. A ele devo um obrigado público, mas preciso confessar que o amigo foi, digamos, precipitado. Tanto assim que o blog foi para o ar com um nome fantasia (Blog do Nelsinho) que só estava valendo mesmo nos testes que fazíamos.

Você deve estar achando que agora é tarde, certo? Errado. Mesmo no ar, o blog ainda não está definitivamente batizado e conto com sugestões para dar um nome a ele. Além de ser contra o personalismo, tenho a certeza de que muita gente chegou antes de mim com a ideia de botar na rede o BLOG DO NELSINHO. Se você der um google vai entender o que estou falando. Nelsinho Piquet, por exemplo, está muitos km à minha frente...

Você pode ajudar, mandando sua sugestão direto nos comentários. Obrigado!

Os homens de bem do futebol pedem socorro

O que mais me choca nesse novo episódio de agressaão a jogador de futebol não é a covardia dessa gente. O que me causa mais espanto é a prepotência de achar que, agindo assim, esses tolos vão resolver os problemas do clube. Os que agrediram o indefeso Joao Vítor, hoje à tarde, no Palmeiras, devem ter fugido pra casa acreditando que agora o Verdão vai ganhar do Flamengo, embalar uma sequência de vitórias, ultrapassar os líderes e ser campeão brasileiro. Como se isso fosse possível assim, na base da força bruta, da ignorância, da irracionalidade.

Não há, em toda a história do futebol, casos em que a violência deu resultado. Pelo contrário. Pegue todos os casos recentes, de Edílson a Vágner Love, e veja que os clubes só foram prejudicados pelos bandos de tolos que confundem paixão com banditismo. Cenas como a de hoje só vão acabar quando a Polícia e o Ministério Público entrarem firme nesse jogo e botarem na cadeia quem não sabe viver em liberdade. 

Se minha conta não está errada, só há um torcedor preso em todo o Estado de São Paulo, culpado pela morte de um rival numa briga entre são-paulinos e palmeirenses, há alguns anos. É pouco, na medida em que só ele atrás das grades deixa cada dia mais patente a ideia de que, também para os valentões do futebol, a impunidade é um escudo.

Aí está uma boa oportunidade para o promotor Paulo Castilho fazer mais do que mero marketing em favor dos homens de bem que ainda existem (e resistem) no futebol.

domingo, 9 de outubro de 2011

Um blog que vai de iTaquera a iMac

Eu demorei tanto para criar um blog que, se bobeasse, o estádio do Corinthians iria ficar pronto primeiro. Confesso que estou impressionado com o ritmo das obras do Itaquerão, depois de ter acompanhado, com absoluta incredulidade, dezenas de outros projetos do tal Fielzão. Só de maquete eu devo ter visto umas dez, nesses 32 anos de jornalismo. Lembro até de ter feito matéria sobre o lançamento da pedra fundamental do estádio do povo, anunciado há duas décadas, pelo ex-presidente Vicente Matheus, ali mesmo onde hoje se ergue o sonho corintiano. O Corintião, para 200 mil pessoas, foi só mais uma das históricas mancadas do velho Matheus, que, dentre tantas pérolas, costumava agradecer a Antártica pelas brahmas que tinha mandado para o banquete de aniversário do clube... Mas parece que agora a coisa vai. Com dinheiro entrando pelo ladrão, com perdão da adaptação do velho dito popular, já não tenho mais dúvidas de que o estádio de abertura da Copa será o do Corinthians. Fato que deverá ser confirmado pela Fifa no próximo dia 20.
A construção desse blog também passou por várias promessas em vão, projetos não cumpridos, maquetes jogadas no lixo e cobranças de todas as partes. Ai, quando veio a notícia da morte do Steve Jobs, eu me convenci de que não dava mais para brincar de ficar fora do mundo digital. Todos os perfis e biografias que li sobre Jobs falavam de mudanças, transformações, sonhos... Por que não acreditar em mais essa contribuição que nos deixou o gênio que colocou o mundo na palma das nossas mãos.
Vou assim, de iTaquera a iMac, de Vicente Matheus a Steve Jobs, para provar que não há limite razoável para a pauta deste blog. Vem comigo!