segunda-feira, 17 de outubro de 2011

E agora, Juvenal?

Lembro como se fosse hoje o dia em que, ao demitir Muricy Ramalho, o presidente Juvenal Juvêncio, do alto de sua arrogância, disse que o recém-conquistado tricampeonato brasileiro era mais mérito da estrutura do clube do que da competëncia pessoal do treinador. O tempo serviu pra provar que a conviccão de Juvenal, se não era uma mentira, era uma verdade relativa. Afinal, fora do Morumbi, Muricy continuou colecionando títulos, enquanto o São Paulo foi colecionando treinadores demitidos, todos eles vítimas dos maus resultados que se sucederam.

Muricy, campeão brasileiro pelo Fluminense e campeão paulista e da Libertadores pelo Santos, hoje às vésperas de brigar pelo titulo mundial de clubes, assiste de camarote à lenta e gradual desmistificação da tal estrutura do São Paulo.

É preciso que se diga, no entanto, a bem da verdade, que Juvenal Juvêncio bancou até onde pode a permanência de Muricy no São Paulo, resistindo a uma campanha interna contra o treinador. Muitos diretores fritavam o técnico porque, com ele, nunca tiveram muito espaço nos vestiários, nas concentrações e nos campos de treinamento do CT. Muricy, eterno ranzinza, não é desses treinadores que deixam a cartolagem inútil gravitar em torno dos jogadores para parecer influente.

Essa postura de poucos amigos criou várias áreas de atrito para Muricy, que se manteve no cargo graças ao apoio do presidente e, lógico, aos resultados do time em campo. Os que vieram depois dele não se sustentaram, justamente porque não tiveram a mesma performance. Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César Carpegiani e, agora, Adílson Batista, são vítimas da cultura do resultado impregnada no futebol brasileiro.

É evidente que o São Paulo tem mesmo uma estrutura invejável, só encontrada em meia dúzia de clubes do Brasil se tanto. Mas não adianta ter um bom CT, boa concentração, equipamentos de última geração e bons salários se o clube não tem gente competente para fazer a roda andar. E, nisso, parece que o São Paulo tem cometido erros de avaliação que estão lhe custando muito caro. Pois não foi só Muricy que acabou dispensado na ilusão de que a estrutura estava acima dos bons profissionais. Basta lembrar que, recentemente, o São Paulo demitiu o preparador físico Carlinhos Neves e o fisiologista Turíbio de Barros, que estava havia 25 anos no clube.

Será só uma simples coincidência? Não acredito. Como dizia o velho e sábio Oto Glória, técnico brasileiro que chegou a dirigir a seleção de Portugal, no futebol, assim como na vida, não dá para fazer omelete sem ovos.

 Só com a galinha, ninguém faz milagre. Nem a pau, Juvenal!

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