segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um rei que não perde a majestade

Nem Leão no São Paulo, nem o perde e ganha do Brasileirão, nem o cai-nao-cai do ministro do Esporte, nem o vexame do futebol masculino nos Jogos Pan-Americanos. Hoje peço licença a todos vocês, caros e raros leitores, para falar do Rei Pelé, que chega aos 71 anos sem perder a majestade.

Sempre que posso, seja qual for o canal de comunicação que me estiver disponível, faço questão de reverenciar Pelé. Até mesmo quando não há, aparentemente, um motivo que traga Pelé para a pauta do dia. Afinal, Pelé está acima dos fatos. Logo, é desnecessário elencar tudo o que ele fez na carreira de jogador de futebol. Tal como é irrelevante apontar seus pequenos deslizes depois que pendurou as chuteiras. E absolutamente improdutivo entrar na polêmica que os argentinos querem manter acesa, comparando-o a Di Stéfano, Maradona, Messi...Os argentinos sabem que Pelé é único como Gardel! E olhe lá...

Em mais de 30 anos de carreira no jornalismo, estive algumas vezes com Pelé. Ele já tinha parado de jogar quando fui entrevistá-lo pela primeira vez, no finalzinho dos anos 80. Chegar até ele demandou uma série de contatos prévios com o mesmo Pepito que, ainda hoje, trabalha para o Rei fazendo um filtro dos pedidos de entrevista, como uma espécie de assessor de imprensa sem pasta. A vantagem dessa escala é que, quem passa pelo crivo de Pepito, quando chega ao encontro de Pelé encontra um sujeito acessível, gentil, solícito, quase desarmado. Foi assim que Pelé me recebeu num luxuoso apartamento que mantinha nos Jardins, em São Paulo. Eu, ainda foca, entrei tremendo na sala, com uma reprodução de uma capa do jornal A Gazeta Esportiva, cuja manchete era PELÉ, JOGAI POR NÓS!, publicada durante a Copa de 66.

Mergulhei nessas lembranças de três décadas, no dia do 71 aniversário de Pelé, para reafirmar que Pelé é único, diferente de tudo o que a gente vê hoje por aí.

Num momento em que o futebol sofre com a falta de talentos e com o excesso dos falsos craques, a lembrança de Pelé é um alento.

Num momento em que o ministro do Esporte parece engolido pelo turbilhão de suas ligações perigosas com ONGs oportunistas, o passado de Pelé é um consolo.

 Num momento em qualquer jogador meia-boca desfila com o rei na barriga, a imgem de Pelé é um divisor de águas.

Num momento em que eu acho que estou ficando velho demais para suportar esse futebol onde imperam os medíocres, a história de Pelé me dá forças para continuar acreditando que amanhã vai ser um dia melhor que hoje.

E assim, esperançoso, eu vou tocando a vida, feliz por saber que Pelé está vivo nas minhas memórias. Obrigado e parabéns, meu Rei!

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