sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Planejamento? O que é isso?

Em 32 anos de jornalismo, a maioria deles correndo atrás da bola no Brasil e no mundo, creio que a palavra que mais vezes ouvi repetida a esmo foi planejamento. Parece que dá status falar em planejamento no futebol, na medida em que qualquer projeto bem realizado passa a ser um diferencial. Mesmo que o sucesso seja por acaso. Até porque, a bem da verdade, o que eu vi ao longo dessas três décadas foram muitos mais casos de falta de planejamento. Mesmo com muitos avanços, ainda se trata profissionalmente do futebol de forma amadora, com processos de gestão que não obedecem a nenhum critério científico. É um verdadeiro bumba meu boi!!!

Três episódios dessa semana demonstram bem o que estou falando e confirmam a sensação de que a linha que separa o sucesso do fracasso é quase invisível no futebol brasileiro. Vamos aos fatos:

Falta de planejamento 1: A estúpida demissão de Caio Júnior
    É inacreditável que ainda se aceite esse tipo de coisa como algo no mínimo razoável. A três rodadas do final do campeonato, o dirigente demite o treinador imaginando, sabe-se lá como, que algum ser superior vá assumir o cargo e fazer uma mágica nos últimos jogos. Se não deu com Caio Júnior, o genérico, que venha logo um verdadeiro Harry Potter!

É bem verdade que muitas empresas também agem assim, ao sabor das vendas e dos borderôs, mudando executivos, contratando consultorias milagrosas e impondo novos objetivos sem que os velhos tivessem sua ineficiência comprovada. É o tal do imediatismo empresarial _ que, no futebol chega às raias da burrice absoluta. Dispensar o técnico é a tábua de salvação de todas as gestões incompetentes.

 Será que no Botafogo ninguém se deu conta que Caio Júnior fez mais do que era possível com um time limitado? Será que o presidente acredita mesmo que, com essa mudança desesperada, ficará mais fácil chegar à vaga na Libertadores? Será que alguém não se atentou para o fato de que, a três rodadas do final, não há nenhum treinador competente disponível no mercado para suceder o demitido? Isso é falta de visão. O ano vai acabar daqui três semanas,e os dirigentes atropelam o calendário dessa forma, impunemente.

No máximo, essa grande besteira só vai servir para confirmar a velha tese de que tem coisas que só acontecem com o Botafogo....

Falta de planejamento 2: o estranho caso de Dagoberto
    Gostaria muito de poder entender o que se passa com Dagoberto no São Paulo. Já ouvi falar de tudo sobre ele, mas, sem prova, nunca comprei as versões de que ele é igrejeiro, chinelinho e laranja podre. O que é gozado é que, mesmo com toda essa fama de bad boy, Dagoberto é um dos mais antigos desse elenco do São Paulo e, sempre que jogou, esteve pelo menos na média dos outros atletas. Neste momento, aliás, era o melhor do time.

De repente, o técnico Leão deixa-o no banco, em Curitiba, para atacar o Atlético-PR com a temível dupla Henrique-Fernandinho. Pior, na subsituição que fez para tentar evitar a derrota, Leão mandou Marlos a campo, dando a entender que Dagoberto era a quarta opção.

O pior de tudo isso é a suspeita de que Dagoberto não jogou por ordem do presidente Juvenal Juvêncio. Que ele é mesmo dado a meter o bedelho no time todo mundo sabe, o que é dificíl acreditar é que Leão tenha se prestado a esse papel de vaquinha de presépio. De uma forma ou de outra, eis mais um belíssimo exemplo de falta de planejamento. O melhor atacante do grupo, utilizado o ano todo, vai para a reserva justamente no momento em que o time precisava vencer para sonhar com a Libertadores. E perdeu. Bem feito!

Falta de planejamento 3: a inacreditável ressurreição de Ramirez

Nem o mais fanático corintiano poderia imaginar que a vitória sobre o Ceará saísse dos pés de Cachito Ramirez. Até porque pouquíssimos corintianos ainda se lembravam dele. Para muita gente, ainda sofrida com aquele vexame mundial da derrota para o Tolima, Ramirez já estava longe do Parque São Jorge... Mas que nada!

Nesse futebol onde o planejamento só aparece no discurso, eis que, como por encanto, o técnico resolve ressuscitá-lo. E eu duvido que alguma vez Tite testou Ramirez no lugar de Danilo. Nem em treino secreto! Nem no jogo de botão! Nem no Play Station!!

Aqui entre nós, o peruano nunca foi opção do treinador para nada, tanto que Tite cansou se insistir com Morais (meu Deus, como ele pode jogar no Corinthians????), Edenílson, Jorge Henrique e até Moradei e Taubaté. Mas, do nada, Tite mandou Ramirez a campo e ambos saíram dele como heróis.

Ouvi muita gente dizendo que aquela foi uma vitória com o dedo de Tite. Como se o treinador tivesse planejado o final feliz da mais das improváveis substituições do campeonato brasileiro deste ano. Ah, tá bom. Agora vai dizer que ele também acredita em Papai Noel, Saci-Pererê e na Loira do Espelho...

NN

2 comentários:

  1. Chinelinho não é uma expressão usada para jogadores que ficam mais em recuperação do que jogando ?

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  2. Também, masçhinelinho é mais usado para identificar jogadores que inventam contusao pra nao ter que treinar.

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